O bairro Olarias, localizado na Zona Norte da cidade de Teresina, Piauí, configura-se como assentamento precário de ocupação espontânea desordenada. Possui população aproximada de 1445 pessoas, frente aos 814 mil habitantes da cidade (IBGE, 2010). Seu surgimento está diretamente ligado à origem da cidade (1852), que tem conformação territorial mesopotâmica, limitada pela confluência dos rios Parnaíba e Poty. Por ter sido uma área de fácil acesso para navegação e comunicação com outras províncias e rica ambientalmente, o encontro dos rios logo tornou-se a primeira área a ser habitada na cidade pois, além de facilitar a expansão comercial da região àquela época, mantinha tradições ribeirinhas herdadas da população indígena que um dia ali habitara: a sabedoria para usufruir os produtos da terra e a pesca.
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O bairro recebeu este nome devido à abundância de argila na região, que naturalmente desenvolveu o ofício da olaria de produção de tijolos e telhas cerâmicas para construção dos primeiros edifícios de Teresina. Entre as décadas de 1950 e 1970, com o aumento da extração do material devido à forte demanda da construção civil na cidade, houve uma acelerada ocupação da área sem definição prévia de lotes ou arruamento, e sem as consequentes redes de saneamento básico condicionadas ao sistema viário. Desta forma, o assentamento é caracterizado desde o início por moradias autoconstruídas e por elevado nível de precariedade de redes de serviços urbanos, além da suscetibilidade dos moradores ao lixo, aos esgotos a céu aberto e aos alagamentos no período das fortes chuvas.
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O histórico do bairro detém a riqueza da simplicidade e possui estilo de vida complacente ao natural. Considerado berço da cidade, seu surgimento foi alheio ao olhar dos primeiros planos urbanísticos em meados do século XX que, ao contrário dos ideais do século XIX, assumiram propósitos progressistas e higienizadores e passaram a considerar a região inabitável devido à peculiaridade da geografia alagável do lugar.
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Diferente das regiões urbanizadas da cidade, que consideram o bairro como "área de risco", a forte identidade enraizada no ritmo singelo de seus moradores, que cresceram lidando com a dinâmica de uma vida rural e comunitária dentro da cidade, faz com que os moradores resistam no local frente à crescente pressão pela remoção da comunidade por parte de organizações governamentais.
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Diante do histórico da comunidade, um grupo de treze estudantes e professores de arquitetura e urbanismo se propuseram a desenvolver um projeto de requalificação urbana e revitalização arquitetônica para o local. O objetivo principal foi conceber e desenvolver propostas que fossem condizentes com o estilo de vida, costumes, cultura e práticas religiosas da comunidade com projetos que reafirmassem sua singularidade enquanto corpo social da cidade.
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O projeto fotográfico Vida no Olarias surgiu a partir das diversas visitas ao assentamento durante a fase de reconhecimento territorial e cultural do projeto de requalificação. Tem como objetivo voltar os olhos da cidade para uma comunidade negligenciada e quase invisível à percepção urbana e reafirmar sua singularidade enquanto corpo social com estilo de vida, costumes, cultura, identidade e práticas religiosas característicos.
O projeto HABITAR:EXISTIR foi realizado durante os meses de junho e julho do ano de 2018 com o apoio de líderes comunitários e moradores do Olarias que receberam, assistiram e guiaram o grupo de reconhecimento territorial dentro do bairro, apontando suas zonas mais importantes. Texto: Raquel Carvalho Fotografias: Vinícius Figueirôa Agradecimentos a Seu Cidinha, Lúcia e Novinho por terem nos apresentado o Olarias. |
CONHEÇA O PROJETO COMPLETO
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